"Tenha em mente que tudo o que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações.
Receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos."
Albert Einsten
A concepção dominante é que a escola permite às pessoas que tenham contato com todo o conjunto de saberes essenciais que permeiam as relações sociais. Nela, aprendemos matemática, línguas, artes, ciências, história, geografia, educação e corpo, mas os conteúdos não se encerram somente aí. Ou seja, não é só um simples conhecimento (ou uma 'decoreba?'") de equações, fórmulas, regras, etc. Esses saberes se constituem como plataforma para os alunos pertencerem e, também, participarem da sociedade.
A escola possui função social importante, pois através da formação de jovens e crianças pode-se colaborar na construção da sociedade, possibilitando a participação efetiva dos indivíduos, como sujeitos conhecedores não só de seus direitos, mas também de seus deveres como cidadãos, e possibilitando que, ao final da formação, os sujeitos estejam prontos para ocuparem um lugar no mundo do trabalho.
Em contrapartida, vemos aí uma contradição no que a escola "prega". Isto é, a escola tem como objetivos, mas não só, preparar o aluno para o mercado de trabalho e formar cidadãos, indivíduos que conhecem e compreendem as normas para se viver em sociedade. Mas como é nossa sociedade? Ela está preparada para essas crianças e jovens? Para entendermos melhor esse aspecto, acho importante relembrá-los o que é uma democracia.
A democracia prega que o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos. Ela se baseia nos princípios do governo da maioria, mas protegem escrupulosamente os direitos fundamentais dos indivíduos e das minorias. Um dos princípios da democracia é proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e de religião. Até aí, tudo bem, não é? Mas será que nossa sociedade, realmente, vive assim? Nela, ainda podemos perceber que há preconceitos entre as diferenças sociais e intelectuais, há a exclusão de minorias, e os cidadãos não exercem totalmente o seu poder.
Como uma preparadora para o mercado de trabalho, a escola também passa por processos de contradição e de conflitos de interesses. A escola homogênea, tanto em sua estrutura como em seus princípios e propósitos, dificilmente desenvolve ideias, atitudes e pautas de comportamento diferenciadas para satisfazer as exigências do mundo do trabalho. Nas sociedades avançadas, esse fato se torna um problema, pois a escola se depara com demandas muito diferenciadas e contraditórias.
Para tanto, temos que admitir que a escola não pode pensar em todas as diferenças que uma sociedade possa ter. Para atenuar e minimizar os efeitos da desigualdade e as diferenças individuais de cada aluno, a instituição intervém com políticas compensatórias, isto é, métodos que possam atender às diferenças. Duas políticas compensatórias mais conhecidas são o ensino de jovens e adultos, para aqueles não frequentaram ou não terminaram de frequentar a escola em idade regular, e o programa de ações afirmativas, que disponibiliza vagas em universidades para indígenas, estudantes de escola pública e para afro-descendentes.
A escola, no meu processo de formação como cidadã e como profissional, me serviu como uma grande fortalecedora de meu caráter e me permitiu conviver com pessoas diferentes de mim, com histórias de vida diferentes, de origens diferentes e que, também, contribuíram, sensivelmente, para o meu processo de formação.
Sacristán, J. Gimeno & Goméz, A. I. Peréz. As funções sociais da escola: da reprodução à reconstrução crítica do conhecimento e da experência. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: ARTMED, 2000.
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