segunda-feira, 9 de julho de 2012

Não me despeço...

Bom, sem demora, como o nome do post já diz, me despedirei da disciplina de Didática D, mas não pretendo deixar o blog.
Foi uma experiência muito gostosa e importante pra minha vida acadêmica. Discorri sobre vários temas que devem, sim, ser discutidos, que precisam de atenção, de cuidado. Aqui, coloquei meu entendimento sobre os vários temas e destaquei minha opinião. Pois, quando o assunto é escola, aprendizado, construção de conhecimento, a opinião e as idéias de cada um são sempre bem-vindas. Cada um fazendo a sua parte, teremos mudanças.
Além disso, acredito que o blog possa ajudar não só aqueles que vivem nesse mundo, mas aqueles que estão do lado de fora e que se importam, que querem aprender sempre mais e mais.
Quem por aqui passou, almejo que passe outras vezes.
Obrigada a quem leu os posts anteriores, obrigada a disciplina de Didática D - sem dúvida, hoje, me sinto mais preparada (e mais calma!!) pra enfrentar uma sala cheia de alunos e para ser uma grande professora - e a professora Jane por ter nos dado essa oportunidade.

Novas didáticas. Por quê e pra quê?

Como já é de nosso conhecimento - porque ainda, desde muito tempo, é o que impera na escola -, a didática tradicional é baseada no controle dos professores e dos superiores. O processo escolar é sempre executado com vigilância e quem cobra os trabalhos e o aprendizado é quem manda. Sabemos também que todo aluno é passível de avaliação, que seus erros são exaltados (mais que os acertos) e, também, que nem sempre eles são corrigidos da maneira melhor possível para a apreensão dos conteúdos pelo aluno.
As tarefas tradicionais (principalmente, as provas) são um objeto que favorece o controle e, na maioria das vezes, promove a economia de trabalho do professor. Além disso, elas possuem uma relativa facilidade, têm caráter quantitativo e individual, são fragmentadas (curtas e independentes) e, na esmagadora maioria das vezes, são sincronizadas e idênticas.
As novas didáticas, que surgiram para mudar esse panorama, são influenciadas pelas perspectivas interacionistas. Isto é, o aluno é o grande sujeito da aprendizagem. Ele possui um lugar privilegiado no processo de construção do conhecimento. A aproximação entre escola e vida está muito mais presente aqui, nas novas didáticas, do que nas didáticas tradicionais, onde a vida do aluno não é sequer levada em conta. Além disso, há a insistência da construção do saber, utilizando os erros do aluno como forma de aprendizado e não como um motivo de exclusão. Aqui, também, há a importância pelo aspecto cooperativo do trabalho. As tarefas possuem perguntas que pedem respostas abertas, sem resposta única, a fim de fazer com que o aluno seja obrigado a pensar e a construir sua própria resposta a partir do conhecimento adquirido. Há, também, tarefas coletivas e complexas, de longa duração.
É claro que as novas didáticas não fazem com que as tradicionais deixem de existir, mas ela modifica o método de elaboração das atividades e trabalhos e visa a interação, respeitando a opinião do aluno.
Para que todos saiam ganhando, o melhor seria um meio termo entre as tradicionais e as novas, pois, apesar de a segunda trazer melhoras do ponto de vista pedagógico, ela pode alargar o espaço de manobra dos alunos e enfraquecer o controle do professor.
Assim, para melhor compreender a mudança do estilo didático é necessário considerar as estratégias que os alunos utilizam face ao trabalho pedagógico proposto.


PERRENOUD, P. Novas didácticas e estratégias dos alunos face ao trabalho escolar. IN: ______. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação - perspectivas sociológicas, P. Lisboa: Nova Enciclopédia, 1993.

sábado, 7 de julho de 2012

As teorias de aprendizagem - Como aprendemos? Como conhecemos?

O foco deste post serão as visões sociointeracionista e construtivista da aprendizagem - as duas maiores teorias que tratam do processo de aprendizagem, da Psicologia da Educação.
A primeira tem como ícone Lev Vygotsky (1896-1934). A obra do psicólogo russo ressalta o papel da escola - mediação - no desenvolvimento mental das crianças e é uma das mais estudadas pela pedagogia contemporânea. Os estudos dele sobre a aprendizagem decorrem da sua compreensão de que o homem se forma em contato com a sociedade. Diz que "na ausência do outro, o homem não se constrói homem". Ele rejeitava as teorias inatistas - aqui, o ser humano já traz as informações necessárias que se desenvolverão ao longo da vida -, as empiristas e as comportamentistas - o ser humano é um produto dos estímulos externos. Sua visão é a de que a formação se dá numa relação dialética entre sujeito e a sociedade. Mas não tem o intuito de generalizar, o que lhe interessa é a interação que cada pessoa estabelece com determinado ambiente - experiência significativa. 
Outro conceito chave e que, por isso, não deve ser esquecido é a mediação. De acordo com a teoria vygotskiana, toda relação do indivíduo com o mundo é feita por meio de instrumentos técnicos e da linguagem que traz consigo conceitos consolidados da cultura à qual pertence o sujeito.
A segunda, a teoria construtivista da aprendizagem, tem como grande mestre, o cientista suíço Jean Piaget (1896-1980). Durante algum tempo, ele foi o nome mais influente no campo da educação. Piaget revolucionou o modo de encarar a educação das crianças e mostrou que são elas que constroem o próprio aprendizado. Piaget criou um campo que ele próprio denominou de epistemologia genética. Os estudos epistemológicos da genética centram-se no desenvolvimento natural da criança. Para ele, há quatro estágios do desenvolvimento cognitivo pelos quais toda criança passa, do nascimento a adolescência, até sua capacidade plena de raciocínio ser atingida, são eles: estágio sensório motor (0-2 anos), estágio pré-operacional (2-7 anos), estágio operacional concreto (7-11 anos) e estágio operacional formal (11-adulto). Ele dividiu essas etapas conforme as mudanças na forma de pensar da crianças. Assim, Piaget observou essas mudanças durante a ontogênese e concluiu que o pensamento da criança é diferente do pensamento do adulto, mas nem por isso menos importante ou inteligente.
Mesmo que não pensem como os adultos, as crianças se inserem nas regras, gradualmente - é o que chamamos de assimilação e acomodação. A assimilação consiste em incorporar elementos do mundo exterior a esquemas mentais preexistentes. A acomodação, por sua vez, se refere as modificações dos sistemas de assimilação.
A obra de Piaget leva à conclusão de que o trabalho de educar crianças não se refere tanto a transmissão de conteúdos quanto a favorecer a atividade mental do aluno.


LEITE, L. B. As dimensões interacionista e construtivista em Vygotsky e Piaget. IN: CADERNOS CEDES,  Campinas: Papirus Editora, n. 24, 1991, p. 25-31.
MOREIRA, M. A. Teorias da Aprendizagem. São Paulo: EPU, 2011.