Como já é de nosso conhecimento - porque ainda, desde muito tempo, é o que impera na escola -, a didática tradicional é baseada no controle dos professores e dos superiores. O processo escolar é sempre executado com vigilância e quem cobra os trabalhos e o aprendizado é quem manda. Sabemos também que todo aluno é passível de avaliação, que seus erros são exaltados (mais que os acertos) e, também, que nem sempre eles são corrigidos da maneira melhor possível para a apreensão dos conteúdos pelo aluno.
As tarefas tradicionais (principalmente, as provas) são um objeto que favorece o controle e, na maioria das vezes, promove a economia de trabalho do professor. Além disso, elas possuem uma relativa facilidade, têm caráter quantitativo e individual, são fragmentadas (curtas e independentes) e, na esmagadora maioria das vezes, são sincronizadas e idênticas.
As novas didáticas, que surgiram para mudar esse panorama, são influenciadas pelas perspectivas interacionistas. Isto é, o aluno é o grande sujeito da aprendizagem. Ele possui um lugar privilegiado no processo de construção do conhecimento. A aproximação entre escola e vida está muito mais presente aqui, nas novas didáticas, do que nas didáticas tradicionais, onde a vida do aluno não é sequer levada em conta. Além disso, há a insistência da construção do saber, utilizando os erros do aluno como forma de aprendizado e não como um motivo de exclusão. Aqui, também, há a importância pelo aspecto cooperativo do trabalho. As tarefas possuem perguntas que pedem respostas abertas, sem resposta única, a fim de fazer com que o aluno seja obrigado a pensar e a construir sua própria resposta a partir do conhecimento adquirido. Há, também, tarefas coletivas e complexas, de longa duração.
É claro que as novas didáticas não fazem com que as tradicionais deixem de existir, mas ela modifica o método de elaboração das atividades e trabalhos e visa a interação, respeitando a opinião do aluno.
Para que todos saiam ganhando, o melhor seria um meio termo entre as tradicionais e as novas, pois, apesar de a segunda trazer melhoras do ponto de vista pedagógico, ela pode alargar o espaço de manobra dos alunos e enfraquecer o controle do professor.
Assim, para melhor compreender a mudança do estilo didático é necessário considerar as estratégias que os alunos utilizam face ao trabalho pedagógico proposto.
PERRENOUD, P. Novas didácticas e estratégias dos alunos face ao trabalho escolar. IN: ______. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação - perspectivas sociológicas, P. Lisboa: Nova Enciclopédia, 1993.
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