terça-feira, 17 de abril de 2012

O currículo escolar.

O currículo possui vários conceitos: ele pode ser um plano, propostas ou um programa de uma escola; pode ser toda a trajetória do aluno, o percurso pelo qual ele passou e passa em sua vida; ou, até mesmo, como a organização dos conhecimentos escolares, com os seus conteúdos e disciplinas. O currículo compreende conhecimentos, ideias, hábitos, valores, técnicas, convicções, recursos.
As escolas adotam posições e orientações frente à cultura que se concretizam em seus currículos. Isto é, o sistema de educação se refletem no currículo. Ele é um esquema, um mecanismo socializador que a escola possui, segundo Vera Candau, ele é "o coração da escola".
Para se pensar a educação, temos três teorias referentes ao currículo: a primeira delas é a teoria tradicional, que dá ênfase, entre outras coisas, ao ensino, à aprendizagem, à avaliação, à eficiência e aos objetivos; a segunda, que veio para repensar a anterior, é a teoria crítica, na qual o foco está na ideologia, na conscientização, no currículo oculto, na reprodução cultural e social e na cultura dominante; a terceira,  que denominamos de pós-crítica, é fundamentada no pós-estruturalismo e faz uma crítica aos padrões considerados "rígidos" da modernidade, ela dá prioridade às diversidades culturais, à "democratização cultural", à superação de verdades absolutas e totalizantes. A teoria pós-crítica aborda questões de raça, etnia, sexualidade, gênero; aborda, também, o currículo como construção de identidade.

CANDAU, V. M. e MOREIRA, A. F. B. Currículo, conhecimento e cultura. In: BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Indagações sobre currículo: currículo, conhecimento e cultura. Brasília, 2007.
SACRISTÁN, J. G. O currículo: uma reflexão sobre a prática. Porto Alegre: ARTMED, 2000.

Entrevista com Sônia Penin sobre o currículo escolar no Brasil:


Salto para o futuro - Currículo - PGM. 1: A construção do currículo:

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Repensando a função que um dia irei exercer...

"Feliz aquele que transfere o que 
sabe e aprende o que ensina." 
Cora Coralina
"O objetivo da educação não é ensinar coisas, porque as coisas já estão na internet, estão por todos os lugares, estão nos livros. É ensinar a pensar. Criar na criança essa curiosidade. Para mim, esse é o objetivo da educação: criar a alegria de pensar."
Resolvi começar o meu post com as palavras de Rubem Alves sobre o papel do educador. O professor desempenha vários papéis em sua função, como, por exemplo, aquele que continua a transmissão de pensamentos, acionando sempre a memória do educando; ou aquele que repassa aos alunos os valores da sociedade em que vivemos; ou, ainda, aquele que gerencia os saberes a partir das inovações da sociedade, isto é, que insere em seus ensinamentos as evoluções que a sociedade passa, como as novas tecnologias ou, até mesmo, a mudança de opiniões sobre determinado assunto.
Aqui, falarei, especialmente, sobre o papel do professor de língua portuguesa, que é o que eu almejo me tornar.
Para mim, o professor de língua portuguesa tem como principal função formar os alunos em cidadãos ativos, instigando e promovendo o desenvolvimento ético do aluno, é fazer com que eles saibam articular suas ideias, suas opiniões. Se o professor instiga o aluno a pensar, a consequência disso será o aluno aprendendo por prazer. A missão de todos os professores não é dar a resposta pronta de um problema, é fazer com que o aluno busque-a, com que ele pense sobre o que está a sua frente, ele buscará o conhecimento por si mesmo. 
O educador deve provocar a curiosidade, o espanto, a inteligência dos alunos. 
Ou seja, pensar é primordial.


Vídeo: Rubem Alves - O papel do professor

Construir ecossistemas educativos: reinventar a escola. In: CANDAU, V. M. (org). Reinventar a escola. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
O papel do professor na sociedade digital. In: CASTRO, A. D. de; CARVALHO, A. M. P. de (orgs). Ensinar a ensinar. Didática para a escola fundamental e média. São Paulo: Thomson, 2001.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Afinal, qual a função da escola?



"Tenha em mente que tudo o que você aprende na escola é trabalho de muitas gerações. 
Receba essa herança, honre-a, acrescente a ela e, um dia, fielmente, deposite-a nas mãos de seus filhos." 
Albert Einsten

A concepção dominante é que a escola permite às pessoas que tenham contato com todo o conjunto de saberes essenciais que permeiam as relações sociais. Nela, aprendemos matemática, línguas, artes, ciências, história, geografia, educação e corpo, mas os conteúdos não se encerram somente aí. Ou seja, não é só um simples conhecimento (ou uma 'decoreba?'") de equações, fórmulas, regras, etc. Esses saberes se constituem como plataforma para os alunos pertencerem e, também, participarem da sociedade.
A escola possui função social importante, pois através da formação de jovens e crianças pode-se colaborar na construção da sociedade, possibilitando a participação efetiva dos indivíduos, como sujeitos conhecedores não só de seus direitos, mas também de seus deveres como cidadãos, e possibilitando que, ao final da formação, os sujeitos estejam prontos para ocuparem um lugar no mundo do trabalho.
Em contrapartida, vemos aí uma contradição no que a escola "prega". Isto é, a escola tem como objetivos, mas não só, preparar o aluno para o mercado de trabalho e formar cidadãos, indivíduos que conhecem e compreendem as normas para se viver em sociedade. Mas como é nossa sociedade? Ela está preparada para essas crianças e jovens? Para entendermos melhor esse aspecto, acho importante relembrá-los o que é uma democracia.
A democracia prega que o poder e a responsabilidade cívica são exercidos por todos os cidadãos. Ela se baseia nos princípios do governo da maioria, mas protegem escrupulosamente os direitos fundamentais dos indivíduos e das minorias. Um dos princípios da democracia é proteger direitos humanos fundamentais como a liberdade de expressão e de religião. Até aí, tudo bem, não é? Mas será que nossa sociedade, realmente, vive assim? Nela, ainda podemos perceber que há preconceitos entre as diferenças sociais e intelectuais, há a exclusão de minorias, e os cidadãos não exercem totalmente o seu poder.
Como uma preparadora para o mercado de trabalho, a escola também passa por processos de contradição e de conflitos de interesses. A escola homogênea, tanto em sua estrutura como em seus princípios e propósitos, dificilmente desenvolve ideias, atitudes e pautas de comportamento diferenciadas para satisfazer as exigências do mundo do trabalho. Nas sociedades avançadas, esse fato se torna um problema, pois a escola se depara com demandas muito diferenciadas e contraditórias.
Para tanto, temos que admitir que a escola não pode pensar em todas as diferenças que uma sociedade possa ter. Para atenuar e minimizar os efeitos da desigualdade e as diferenças individuais de cada aluno, a instituição intervém com políticas compensatórias, isto é, métodos que possam atender às diferenças. Duas políticas compensatórias mais conhecidas são o ensino de jovens e adultos, para aqueles não frequentaram ou não terminaram de frequentar a escola em idade regular, e o programa de ações afirmativas, que disponibiliza vagas em universidades para indígenas, estudantes de escola pública e para afro-descendentes.
A escola, no meu processo de formação como cidadã e como profissional, me serviu como uma grande fortalecedora de meu caráter e me permitiu conviver com pessoas diferentes de mim, com histórias de vida diferentes, de origens diferentes e que, também, contribuíram, sensivelmente, para o meu processo de formação.


Sacristán, J. Gimeno & Goméz, A. I. Peréz. As funções sociais da escola: da reprodução à reconstrução crítica do conhecimento e da experência. Compreender e transformar o ensino. Porto Alegre: ARTMED, 2000.